Família Feliz
Por Marcos Guinoza
A palavra “família” vem do latim “famulus”, que significa “escravo doméstico”. Ops, escravo doméstico?! Que definição perfeita para essa instituição opressora!
A família surgiu monogâmica, patriarcal e burguesa. Pai (provedor), mãe (dona de casa) e filhos (obedientes). Ainda bem que esse perfil sofreu fortes abalos ao longo do tempo. Hoje, há famílias com as mais diferentes configurações. Menos caretas, mais libertadoras.
O problema é que expressões burras como “moça de família” e “valores familiares”, relacionadas diretamente com o conceito antigo de família, continuam sendo usadas pelos canalhas para medir e julgar o grau de moralidade de pessoas que eles acreditam ter se desviado do “caminho do bem” (de Deus?).
Repare no que disseram os filhos do deputado federal Jair Bolsonaro para defender o pai das acusações de preconceito: “Nós, graças a Deus, convivemos no meio familiar”.
Ei, o “meio familiar” sempre foi antro das mais escabrosas safadezas!
Como escreveu Nelson Rodrigues: “Não existe família sem adúltera”. Por isso, é melhor os filhos do deputado se prepararem para o inevitável: a chifrada.
Família “feliz” e “certinha” só existe em comercial de TV e nesses adesivos bobocas que as pessoas estão colando nos vidros dos carros. Quem, como Bolsonaro, defende os “valores familiares” com mão de ferro, deve ter muitos esqueletos escondidos no armário.
Não há valor maior que o respeito à individualidade de cada um. E cada um que escolha com quem deseja conviver, independente dos laços de sangue.
Pai, mãe e irmãos nem sempre são os melhores seres humanos para se ter ao lado e dividir o mesmo teto. Ou você queria ter um pai racista e homofóbico como Bolsonaro balançando o seu berço?
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