Fiocruz desenvolve 1ª pesquisa nacional com travestis e mulheres transexuais
A Escola Nacional da Saúde Pública, da Fiocruz, realiza neste mês a primeira pesquisa nacional envolvendo o perfil sociodemográfico, a sexualidade e a saúde das travestis e mulheres transexuais do Brasil.
Chamada “Divas”, a ação visa angariar dados e estudar a abrangência nacional de comportamentos, atitudes, prática e prevalência de HIV, Sífilis e Hepatite B e C entre travestis e mulheres transexuais.
“É uma pesquisa inédita. Decidimos focar na comunidade trans porque há várias questões por trás dela que a torna mais vulnerável: de chegar ao serviço de saúde e não ser atendida, de ser chamada pelo nome civil e todo o desrespeito que ocorre no cotidiano”, declara Monica Malta, pesquisadora e professora da Universidade John Hopkins.
Ela explica que ao todo serão escutadas 4.700 travestis e mulheres transexuais de 12 capitais brasileiras, que participarão de duas fases. Na primeira, os pesquisadores vão conversar com as lideranças trans de cada município, profissionais de saúde e representantes de ONGs, com a intenção de conhecer as demandas e formular um questionário para a segunda fase.
No segundo momento, as participantes serão convidadas a responder um questionário para traçar o perfil das especificidades de cada região. E também a participar de testes para HIV, Sífilis, Hepatite C e B. Por fim, dependendo do resultado dos testes, elas serão encaminhadas para serviços públicos diversos, com apoio psicológico, serviço social, endocrinologistas, entre outros médicos.
“Estimam uma prevalência de mulheres trans para HIV/aids, não só com adultos (cis) como também se comparada a outras populações vulneráveis, como profissionais do sexo (cis) e homossexuais (cis). Esta é uma população que precisa ser conhecida, não só no comportamento individual, mas em todo o entorno que leva essa pessoa a não procurar atendimento e a não se cuidar”, diz Monica.
Anunciada pelo jornal O Globo como o “maior estudo brasileiro sobre mulheres transexuais e travestis”, haja vista a ausência de dados para esta população, a pesquisa é fundamental para o combate efetivo de doenças e para o tratamento por seu caráter específico.
“Essa pesquisa não pode virar apenas um artigo científico e não pode ficar só no meio acadêmico. A gente quer encontrar dados que possam a nos ajudar a mover localmente a agenda, os recursos, a mobilizar os serviços de saúde e a fazer realmente um trabalho de saúde pública que faça a diferença”, finaliza a pesquisadora.
Fonte: NLucon