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Transexuais e travestis se organizam em busca de respeito e inclusão no Brasil

17 maio 2016 Nenhum comentário

Bandeira do orgulho transgênero (Reprodução)

Muitas pessoas ainda têm dificuldade para entender o significado e as particularidades da sigla LGBT: lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Por exemplo, os grupos L, G e B lutam por demandas relacionadas à orientação sexual, como direitos ao casamento e à adoção. Já o segmento T tem reivindicações voltadas principalmente para o respeito ao nome social e para o acesso ao processo transexualizador, que envolve a cirurgia de redesignação sexual. Apesar das particularidades de cada letrinha, a luta LGBT encontra a mesma causa quando o assunto é visibilidade e combate ao preconceito.

A falta de compreensão dessas semelhanças e diferenças ocorre principalmente pela dificuldade das pessoas entenderem os conceitos de orientação sexual e identidade de gênero. O próprio movimento LGBT, durante muito tempo, se estruturou como um grupo só. Mas, hoje em dia, ganha força a organização em torno de cada uma das identidades. É o caso do movimento de pessoas trans, que são as travestis, mulheres e homens transexuais e outras transgeneridades. Uma realidade que vem se consolidando mundialmente e também no Brasil, como observou um grupo de graduandos do curso de licenciatura em História da UFPA, em pesquisa para um seminário.

Elck Oliveira, uma das alunas do grupo, conta que o termo transexualidade é bem recente e não aparece com essa configuração ao longo da historiografia. “Começamos a pesquisar a história do movimento LGBT como um todo no Brasil, que surge nas décadas de 60 e 70, e percebemos que, a partir do final da década de 90 e início dos anos 2000, os grupos de militância começam a aparecer de forma mais específica, como os movimentos de travestis e transexuais, que não se sentiam contemplados pelas demandas gerais da população LGBT”, explica.

Foi justamente a partir desse contexto que, em 2004, o Dia da Visibilidade Trans foi instituído no país. Desde então, todo 29 de janeiro é a data de mobilização pelo respeito e inclusão de travestis e transexuais na sociedade brasileira. Elck Oliveira afirma que por ser uma realidade recente, o movimento de pessoas trans ainda está se estruturando para reivindicar as próprias pautas. “Alguns obstáculos que homossexuais já superaram, as pessoas trans ainda não conseguiram transpor, como por exemplo a questão da patologização. A homossexualidade deixou de ser considerada doença na década de 90, mas a transexualidade ainda é vista como patologia até hoje. Então, ainda há muitos passos para esse movimento”, analisa.

De acordo com pesquisa da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, o segmento trans ainda é o que mais sofre violência, entre os que compõem a população LGBT. Por isso, Davi Miranda, coordenador do Coletivo de Homens Trans do Pará, acredita que debater o tema é importante e necessário no contexto da educação, como é o caso dos estudantes de História. “Como é um curso de licenciatura, esses graduandos, que estarão daqui a um tempo como profissionais em sala de aula, estão se tornando sensíveis às questões de gênero e sexualidade, que não são discussões feitas nas escolas e universidades. Isso vai ser um diferencial pra esses profissionais, na identificação, aceitação e trato de alunos e alunas trans que vierem a ter, e também na possibilidade de levar esses debates para as aulas. A gente só consegue superar o preconceito com conhecimento”, conclui o militante.

Série – A matéria sobre história da transexualidade do Brasil, que você leu acima, faz parte de uma série especial da Rádio Web UFPA em alusão ao Dia Internacional de Combate à Homofobia, celebrado todo 17 de maio. Na matéria seguinte, você conhecerá o Cursinho (R)Existência, preparatório gratuito para o Enem voltado a pessoas trans e outras vulnerabilidades.

Texto: Ádria Azevedo (Rádio Web UFPA)

Fonte: Rádio Web UFPA