Home » Destaque, Internacional, Notícias, Polícia

Ex-mulher diz que atirador de Orlando tinha tendências homossexuais

15 junho 2016 Nenhum comentário

Sitora Yusufiy, ex-mulher de Omar Mateen, concedeu entrevista exclusiva a repórter do SBT (Foto: Reprodução/ SBT)

A ex-mulher do atirador de Orlando afirmou que ele “pode ser homossexual” e que deve ter alguma razão psicológica para o ataque à boate Pulse em Orlando. A declaração de Sitora Yusufiy à emissora americana CNN nesta terça-feira (14) joga nova luz sobre a relação de Omar Mateen com a comunidade gay.

A tese de uma possível homossexualidade de Mateen surgiu em vários jornais americanos, podendo complicar o processo para compreender os impulsos psicológicos que o levaram a cometer o pior ataque a tiros da História dos EUA.

De acordo com relatos de vizinhos e conhecidos, o agressor chegou a visitar a boate gay Pulse antes do ataque que deixou 49 mortos e mais de 50 feridos no último domingo. O jornal Orlando Sentinel publicou declarações de várias pessoas que afirmaram que Mateen era um frequentador regular da boate gay Pulse, o local do massacre. “Às vezes, ele sentava em um canto para beber sozinho, outras vezes ficava tão bêbado que era barulhento e ofensivo”, disse Ty Smith ao jornal.

Kevin West, outro frequentador regular da Pulse, disse ao jornal Los Angeles Times que trocou mensagens com Mateen em um aplicativo homossexual. Outros clientes da casa noturna afirmaram à imprensa que Mateen havia utilizado aplicativos gays, como o Grindr, para estabelecer contatos.

Sitora Yusufiy, noiva do brasileiro Marcio Dias, teria relatado ao FBI que seu ex-marido tinha “tendências homossexuais”. Em entrevista ao SBT transmitida na segunda-feira, Dias afirmou que o FBI pediu a Sitora para não falar sobre o assunto com a imprensa americana.

— Ela me disse que o pai dele (Mateen) o chamou de gay várias vezes — afirmou Dias à repórter do SBT, que foi até a casa do casal, em Boulder, no Colorado.

Mateen jurou lealdade ao Estado Islâmico (EI) durante o tiroteio, e as autoridades estão tratando a atrocidade como um ataque terrorista inspirado pelo grupo.

Seu pai alegou que ele tinha ficado com raiva depois de ver recentemente dois homens se beijando, mas outras fontes disseram que Mateen visitava clubes gays e usava aplicativos de relacionamento homossexuais.

Imigrante do Uzbequistão, Sitora afirmou ainda ao SBT que era vítima de abuso do ex-marido, de quem se divorciou em 2011. Ela disse também não acreditar em uma ligação com o terrorismo organizado.

LOBO SOLITÁRIO

Enquanto as motivações para o ataque, as autoridades sustentam que Mateen parece ter agido como um lobo solitário, sem direcionamento dos vários grupos militantes islâmico pelos quais professou simpatia.

Na segunda-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama, classificou o atirador, um cidadão americano de 29 anos e filho de imigrantes afegãos, como um exemplo aparente de “extremismo cultivado em casa”.

Agentes federais disseram que ele parece ter se inspirado principalmente na ideologia radical à qual foi exposto na Internet.

Ao mesmo tempo, surgiu um retrato de Mateen como um solitário perturbado de temperamento exacerbado e inclinação à violência, assim como aspirações a uma carreira na polícia. Ele trabalhava como segurança particular de uma comunidade de aposentados.

CERCO DE TRÊS HORAS

Mateen foi morto a tiros por policiais que invadiram a Pulse na madrugada de domingo, pondo fim a um cerco de três horas iniciado quando o atirador entrou na boate e abriu fogo com uma arma de mão e um rifle semi-automático AR-15.

A carnificina aconteceu durante um evento de música latina no clube, que tinha mais de 300 pessoas em seu interior na ocasião. Muitas das 49 pessoas mortas eram hispânicas, mais de metade de origem portorriquenha. Cinquenta e três pessoas ficaram feridas.

Durante a matança, Mateen fez uma séria de chamadas para o número 911, o canal de emergência nos EUA, durante as quais jurou lealdade ao líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, cujo grupo ocupa vastas áreas do Iraque e da Síria.

Ele também declarou solidariedade aos irmãos de etnia chechena que realizaram o ataque com bombas na Maratona de Boston de 2013 e a um palestino-americano que se tornou um homem-bomba na Síria para a Frente al-Nusra, uma ramificação da al-Qaeda, disseram as autoridades.

Mateen foi interrogado pela Polícia Federal dos EUA (FBI, na sigla em inglês) em 2013 depois que colegas de trabalho relataram que ele teria alegado ter conexões familiares com a al-Qaeda e ser membro da militância libanesa Hezbollah, de acordo com o FBI.

Fontes: O Globo e Estado de Minas